Saturday, July 19, 2014

Matriarca e INSS (previdência)

Meus tios e tias e primos andam se pegando desde a morte da vovó. Vivos, a gente não sente a importância deles na nossa vida, quando se vão, a vem as trovoadas.

Vovó recebia pouco de pensão porque o INSS roubava o dinheiro dela que ela tinha de direito (muitos aposentados e pensionistas estão neste mesmo buraco por terem acreditado no governo). Ganhava pouco mas rendia muito com os tricozinhos dela. Com o dinheiro dela, pagava as contas de luz, água, gás, fazia as compras e ainda apoiava os netos e netas. Agora os filhos estão tendo que ratear a conta de tudo e  sempre sai briga porque um fica achando que tá pagando mais que outro ou qualquer bobagem parecida.

Vovó me ajudava também, desde que voltei da África. Me ajudou a montar um negocinho pra não ficar dependente de ajuda dos outros. Faço velas, cestaria, chocolate pra festas, algumas bijus, um monte de coisinhas... Foi vovó quem me pagou os cursos ou me ensinou o que ela sabia. Tiro entre 20 a 30 mil por mês, limpo, sem impostos porque não vale a pena se formalizar como empreendedor. Aluguei uma casa vizinha para poder fazer meus trabalhos tranquilis, então é dessa casa que vem meu maior custo, de cerca de 1500 por mês, contando do aluguel à comida e materiais e tudo mais.

Sei lá por que cargas d'água, meus tios cismaram que sou eu quem tenho que pagar tudo na casa de vovó. A casa da vovó é um terreno enorme, onde foram construídas várias casa para filhos e netos e quem mais aparecesse. Tem um relógio de água e um relógio de luz. Quem trabaalha o dia inteiro paga menos na divisão do quem trabalha fora. Fico fora das 6h às 22h, apareço para ver como estão as coisas, fico uma horinha ajudando minhas tias a manter a casa principal limpa (onde todos ainda se reúnem, até prá brigar..kkkkkkkkkkk), vou dormir no que a vovó chamava de "quarto das minhas netas". São 3 beliches e realmente só dormem netas aqui (a família de vovó tem muitas filhas mulheres, poucos homens).

E só para complicar a situação, vovó estava criando duas meninas que perderam a mão a alguns anos. As meninas não tem família perto porque a mãe era mãe solteira. Não se sabe nem quem era o pai porque essas mulheres da zona oeste todo mundo sabe como é: homem a qualquer preço e vale tudo na tentativa de segurar algum (qualquer um). Mulheres da zona oeste e da baixada fluminense projetam o futuro em cima dos homens. É dinheiro de pensão dos filhos que elas acham que vão enriquecer, é filho trabalhando nas ruas vendendo qualquer porcaria, são maridos que mantém amante, e mais uma porção de casos que fariam cair o queixo de qualquer moralista. Relacionamento é comércio na zona oeste e baixada. Bangu, Belfort Roxo são os piores. Nestes lugares ficar sem homem como namorado, noivo, marido, amante ou o que quer que seja é quase um crime. Mulheres sem homens são discriminadas, consideradas como 'sem sucesso' na vida. É melhor ser faminta tendo um homem do que ter conforto sem homem: é a mentalidade geral).

As meninas tinham direito a pensão mas o INSS acha que não. menor de 16 anos não pode trabalhar mas a previdência acha que as meninas que vovó estava criando (uma com 14 e outra com 8 anos) podem se virar sozinhas. E olha que a vovó tinha a guarda das meninas, foi no juiz para não deixar as meninas pagãs.

Vá entender esta merda de país. Até na África, onde eu estava, as coisas funcionavam melhores que aqui. Nem G zuis para salvar esta poh-ha!